Sonata de Outono

Sonata de Outono, de Ingmar Bergman, Suécia, 1978.
Comentei algumas linhas , no Facebbok, sobre a percepção que tive do filme, mas tentarei expor agora de uma forma mais latente e abrangente. Não existe e nunca existirá alguém que consegue dissecar a psique humana de melhor mastearia que o sueco Bergman. Sim: existem muitos percussores, mas que meio que se aprofundam da maneira que não o toquem de maneira substancial, espiritual, física e psiquicamente falando. Tarantino trabalha bem isso: a construção de personagens cheias de idiossincrasias que meio que habitam o lugar comum: a forma que as pessoas têm de ver, e sentir, a vida e pensar através, e por, principalmente dela própria: a dita cuja Vida. O filme trata de uma visita que uma mãe faz a uma filha. Aí você me pergunta: mas como um roteiro tão besta e banal pode se transformar em um puta filme? Falo que transforma e ponto final. A suposta visita é uma troca de farpas antigas, mas intensa pra caralho. Você ser responsável pela forma de ver a vida de outrem , e ainda por cima, ser cúmplice e vítima do que sucede-se após, é a maior das sacanagens.  O desenrolo do filme vai nessa instância da incerteza  das personagens , ora ficando “por cima da carne seca”, ora por baixo, e muito, por sinal. Existe, ainda, dois personagens , e o filme é rodado praticamente em uma única locação. Ou seja: só mesmo o Bergman consegue fazer essa proeza. Esses dois personagens são: o esposo da filha e a irmã da filha, obviamente a filha da mãe de umas das personagens centrais da trama psicológica. A mãe era uma personagem atípica, onde seus gostos mundanos, e os profissionais também remetiam ao mundo promiscuo, por tratar-se de uma pianista. Bem profano, mas; “mais ou menos”, porque o mundo onde se toca piano não era o mesmo mundo de senhores lavradores da época. A trama psicológica gira em torno de uma culpar a outra pelo feito de tê-las feito infeliz. Parece estranho e simples, mas não é; trata-se de um filme com uma baita atriz principal, um roteiro impecável, uma fotografia, da época, bastante eficiente no que concerne a filmar uma casa de apartamento, e por fim com um braço de dirigir com um traço “Bergman de ser”. Ou seja: que deixa que o processo criativo do ator seja cultivado e arraigado, porém com certas ordens no sentido de o ator não roubar seu roteiro, e a partir dele, criar uma estória de seu próprio punho, e ser uma merda , inclusive, mas como o processo está tão intenso que o ator acha que sua estória é bem melhor que a original. Bergman não permite isso: deixa o processo criativo do ator, mas no fim os coloca no chão, novamente. É por isso que o filme é tão assertivo. Se fosse um jurado de Cannes daquela época, dava nota dez, sem maiores reclamações.   

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