Sem Descanso
Sem Descanso, de
Bernard Atal, Brasil, 2018. Embora seja francês, e não seja rabugento, como o estereótipo
quer falar justamente o oposto; Bernard, ao lado da sua companheira Gel Santana,
baiana e negra, da qual assina a importante missão da pesquisa sobre o filme,
além de assinar a produção junto com o próprio Attal. Entretanto entrando no
filme, que alias é um Doc, o primeiro do diretor, inclusive, aborda o desaparecimento de um jovem de 22
anos na cidade de Salvador, em 2014, e a posteriori acham um corpo queimado decapitado,
que seria o de Geovane. O Doc disseca essa estória, até hoje, muito mal contada
pelos chamados homens da lei com farda, ou simplesmente somente chamados como policiais.
Quando acabou a sessão logo me veio na cabeça a música Polícia, dos Titãs, onde
esta fora escrita pelo guitarrista da banda Tony Belotto: tipo um desabafo
quando a policia o prende por portar algumas substancias ilícitas. No caso de
Geovane, as consequências foram bem mais drásticas, onde nem se quer , depois
da sessão, ficamos sabendo o real motivo dos policiais terem matado e
esquartejado o corpo de um individuo que tinha um moto bacana: será que foi só
porquausa da moto ou pelo comportamento do Geovane não ter baixado a cabeça e
não querer ter tido como negociar com os homens da lei? Aliás, o que é lei onde
não se tem donos? Salvador é uma terra sem lei? Essas perguntas são arremessadas
sobre nossas íris durante a sessão, e saímos convictos até, que o Bernard tem
razão quando escreve em sua sinopse do filme que Salvador é uma terra sem lei: isso
não tem como negar. Até o bunda mole do governador reeleito, Rui Costa, fez
vistas grossas para o caso , e até hoje ninguém foi preso. Se é polícia pode
matar? Sei não, mas temo muita coisa daqui pra frente com um ex-militar como
presidente do Brasil. Evidente que, quem é policial ano que vem se achará mais
ainda apto a fazer as maiores barbaridades e sair impune, afinal agora temos um
presidente que entende o que é “força” e entende, também, o que é a palavra “armada”
, ou arma; então compreenderá o termo “forças armadas”, e daria mais poder
ainda para esses homens acima de qualquer coisa ou circunstância. Todavia
voltando ao Doc, o Attal, dirige muito bem essa fatídica estória real, nos
colocando em 2014, e dizendo em caixa alta: OLHA AUTORIDADES, AINDA NÃO
ESQUECEMOS NÃO, VIU?
O filme teve sua
estreia internacional no XIV Panorama Internacional Coisa de Cinema, que ocorre
nas cidades de Salvador e Cachoeira , neste mês de novembro.
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