Jovens infelizes ou um jovem que grita não é um urso que chora

Jovens infelizes ou um jovem que grita não é um urso que chora, de Thiago B. Mendonça, Brasil, 2013. A cada dia acho o universo teatral mais apaixonante pela sua irmandade e verdade dessa arte. A obra fílmica em questão permeia-se neste universo através de um grupo de atores independentes. O filme mostra as ideologias desses artistas que, inevitavelmente vão contra a tudo estabelecido. Ou seja: são estranhos no ninho e parecem nadar-se sempre contra a maré, fato este que por mais que exista irmandade uma hora o sistema mostra quem manda bruscamente e a realidade é transposta as estas realidades utópicas. O título vem bem a calhar: Jovens infelizes, pois uma hora ou outra a verdade vem à tona e aí nem as orgias habituais do grupo salvam uma luz cortada ou uma geladeira vazia. Embora não queiram é preciso fazer dinheiro para, no mínimo, conseguir comer. Porém ideologias radicais não permitem tais sacrifícios e viver só de arte vira um tormento, e isso por mais companheiros que estejam no mesmo barco que você, afinal são mais bocas a alimentar. A questão do “se alienar” transposta na narrativa da obra faz que pensemos que estamos literal e realmente em uma chamada sinuca de bico. Ou seja: para sobreviver é necessário prostituir-se, e hoje a chamada arte ou viver da arte é uma tarefa extremamente utópica de modo que de alguma forma o artista tem que se vender ou fazer algo que não deseja para conseguir vender sua arte. A ideia do filme de transpor o pré-estabelecido é posta em cheque no meio da obra para seu final, pois quem dera viver só de festa, e a obra mostra que a conta sempre chega. O filme é no mínimo intrigante em peitar de frente toda e qualquer forma de alienação ou ordem estabelecida, e isto é bem colocado quando determinado membro da trupo após voltar de um dos inúmeros protestos anti – copa do mundo da Fifa diz: “ Vou continuar lendo Dostiésvick, vou continuar fumando, vou continuar beber, porque a transcendência da razão é a única saída para sermos livres de verdade”. Assisti a essa instigante obra em um festival de filmes independentes ocorrida na sala Walter da Silveira em Salvador, mas dá um Google que pode já tá na rede e vale super a pena.

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