Jonas E O Circo Sem Lona
Jonas E O Circo Sem Lona, da amiga Paula Gomes, Brasil, 2017. Realizar um filme que
tenha a ver com seu universo flui mais rápido ,eficiente e prazeroso, de modo que tudo acontece sem stress e com uma naturalidade de quem
só vive aquele universo não acha todo o resultado incrível, mas sim fruto de
uma vida dedicada e apaixonada pelo circo, neste específico caso que iremos tratar a partir de agora. Tive o prazer de ver esta obra juntinho com a
diretora e o protagonista, Jonas: um menino de treze anos de idade que teve que abandonar
o circo para viver “normalmente”, como um menino comum em Dias D`Ávila, na
região metropolitana de Salvador, vive. Todavia o longa surge deste empasse,
afinal como um menino do mundo fantástico circense pode se alienar e juntar-se com outros numa escola
pública da Bahia? A resposta é que sim, isto é, ele não só pode como se junta na educação
formal, e com certeza pela inoperância da formalidade e burrice da nossa educação, surge uma necessidade vital para um garoto sensível e inteligente como é Jonas, então este dribla-a e diante da circunstância nutre-se uma vontade do seu estudo informal corporal preferido, este que o
mundo circense pode oferecer e não aulas chatas e sem alma alguma de educação física em sua escola. Sim, existe uma certa genialidade do não conformismo instalado na mente do Jonas, e por isso o faz ser um jovem inquieto ao ponto do diretora
da escola reclamar com a diretora do pseudo documentário que aquilo estaria
fazendo ruim ao próprio Jonas e a turma inteira dele por conseguinte, pois ele fica bem na “fita” quando o documentário
é filmado, porém quando as câmeras não estão lá ele é outra pessoa: totalmente
desligado das aulas, fato este que é só culpa de um sistema educacional ultrapassado e falido de valores morais, inclusive. O documentário é em suma isso: esse transdesligamento , ou desinteresse mesmo, de um
menino por uma educação que pouco lhe daria em troca, ao contrário do circo. A diretora, também circense, consegue tem a sensibilidade e capta essa falta que Jonas sente: a da verdade, a falta de falar com as pessoas olhando em seus olhos ou a ojeriza do garoto por mentiras cotidianas que, tanto poderia ser de um professora como a de um diretor de uma empreiteira, por exemplo. Por isso é que Jonas, cansado desse circo todo que o Brasil se transformou, decide então criar o seu próprio circo no quintal de casa, e talvez por isso o título da obra seja:
Jonas e o circo sem lona, isto é, pela sua varanda não ser coberta, ou em em outras letras: por ser garoto humilde não teria nenhum teto de vidro ou dólares nas ceroulas para comprar sua liberdade de continuar sonhando em algo melhor, tanto para ele como para sua comunidade também. Fato é que uniu-se uma paixão antiga da diretora e um
amor visceral e transcendental do protagonista pelo circo. O documentário foi
bem aceito em diversos festivais mundo afora e agora encontra-se disponível nas
melhores salas de cinema que você pode apreciar, e inclusive fazendo comparações com o nosso momento político atual, ou seja, cheio de palhaços e palhaçadas.
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