Eu, Daniel Blake
Eu, Daniel
Blake, dirigido por Ken Loach, Reino
Unido, França, Bélgica, 2016. Não conhecia o protagonista, Dave Johns, mas após ler algumas
críticas do filme soube que ele é um pop star na Inglaterra fazendo shows de
stand-ups, isto é, um comediante, mas que mostra de maneira dramática e
competente a situação de um marceneiro que sofre um ataque cardíaco e se vê
todo embaralhado para provar ao sistema inglês que de fato ele teve um ataque e
estava impossibilitado de trabalhar. Escrevendo assim parece ser uma coisa bem
simples, ou seja, vai ao médico e o profissional te autoriza a ficar em casa
sendo sustendo pelo governo até que a pessoa fique boa ou apta ao trabalho
novamente. Na teoria isto seria uma coisa fácil, mas sabemos que na prática o
buraco é bem mais em baixo, isto é, a pessoa provar que ela não está mentindo
para o governo. Este novo filme do esquerdista diretor inglês, que inclusive
ganhou o prêmio de melhor filme do último festival de Cannes, mostra as mazelas
da comunicação inoperante e humilhante dos cidadãos e seus governos. E o filme
vai mais além: discute também os fluxos migratórios que vivemos por guerra e governos tiranos; todos
esses imbróglios encontra-se em tela: em um emaranhado de situações limites de
quem não souber se virar nos trinta, vai ficar na mão do automatismo da máquina
estatal e por consequência se dará bastante mal. Se o filme é digno da palma de
ouro de Cannes? Oh se é, pois dá vozes a muitos coitados que por conta da burrocracia,
ou seria burocracia mesmo? Mas por conta desta se veem sem teto e comida nas
ruas de todo o mundo, e não só aqui ou na Inglaterra: Filmaço que dá pra sair dizendo
da sessão: ganhei meu dia.
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