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Mostrando postagens de abril, 2016

Conspiração e Poder

Conspiração e Poder , dirigido e co-roteirizado por James Vanderbilt, Austrália, EUA, 2016. Baseado em fatos reais o filme narra a trama de supostos favorecimentos ao então presidente George W. Bush na semana anterior as eleições que o reelegeria como presidente dos EUA. Tais favorecimentos abordavam que na década de 1970, George W. Bush não teria servido as forças áreas norte-americanas como todos imaginavam. Alguém teria “mexido os pauzinhos” para Bush ficar de “boréstia” na guerra do Vietnã. Ou seja: Forjou documentos para não ir combater no Vietnã, mesmo que sua história pública diga o contrário. Ou seja, novamente: Que ele teria ido a guerra e não teria ninguém que o ajudasse a mexer “os pauzinhos” para ele não ir. Em sua plena suposta e desejada reeleição tal notícia, oriunda da internet, poderia desencadear uma esmagadora derrota e adeus reeleição do Bush Filho. O filme tem o mérito em narrar a primeira estória real em que a internet teve, ou quase teve, uma repercussão ao ponto

Que Estranho Chamar-se Frederico

Que Estranho Chamar-se Frederico , dirigido e co-roteirizado por Ettore Scola, Itália, 2013. O último filme do Scola fora uma homenagem ao seu amigo de fé e irmão camarada; o cineasta, talvez, mais importante da terra da bota de todos os tempos; ao menos para Scola ele era e este que voz escreve compartilha também mesma opinião. Não à toa surgiu o adjetivamento chamado por Felliniano virou moda quando alguma obra pulsa pelo destempero em misturar o real com o fictício. Frederico era isto; um ser a frente de seu tempo que cagava e andava para o politicamente correto e, por isso, foi apelidado de cineasta Pinóquio por suas obras brincarem com sonhos e realidades em um mesmo plano com a mesma proporção. Fato é que a bela homenagem a Fellini é um primor para quem é apaixonado por cinema. O filme, que é meio uma ficção com documentário ( como não poderia deixar de ser de outro jeito, em se tratando de Frederico ) nos permite a conhecer a trajetória de ambos cineastas desde do seus inícios.

Truman

Truman , dirigido e co-roteirizado por Cesc Gay, Argentina, Espanha, 2016. O ótimo filme fala bem mais com quem ficaria um cachorro que dá nome ao filme, após a ida para o além do seu dono com câncer terminal, interpretado pelo Ricardo Darín. A obra fílmica mergulha em um universo de uma pessoa com câncer, e mostra, embora de maneira caricata, como o doente resolve peitar à risca a doença, já que iria morrer mesmo sem ou com o tratamento, então resolve abandoná-lo e deixar que seus últimos suspiros sejam orquestrados por ele mesmo, e não por médicos e enfermeiras. O filme ganhou o festival de Tribeca com o prêmio Goya: O mais importante troféu do cinema espanhol, e não à toa. Trata-se de um filmaço. Ele consegue abordar a morte sem que percebamos; a certa hora do filme esquecemos que o protagonista tinha câncer por ele fazer exatamente as mesmas coisas que uma pessoa sã faz. Ou seja: Trabalhar, ter amigos, sair para um restaurante, ter namorada, etc. A atuação de Darín é estupenda, mas

O Escaravelho do Diabo

O Escaravelho do Diabo , obra literária de Lúcia Machado de Almeida, com direção de Carlo Milani, Brasil, 2016. É muito bom assistir a clássicos da nossa literatura em adaptações para a sétima arte. Sente-se um clima de nostalgia, porém ao mesmo tempo, analisamos como se escrevia naquele tempo em comparação a hoje. As histórias de antigamente eram bem mais ingênuas. Se estivesse escrito que tal obra fosse destinada ao público infantojuvenil, esta não sairia das rédeas, até mesmo por que vivíamos em um período de censura ou pós censura da ditadura militar. Hoje vocês creditariam o livro best-seller Mundo de Sofia do norueguês Jostein Gaarden como uma obra destinada ao público infantojuvenil? Acho que não; tive o prazer de ler esta pérola para abrir meus horizontes aos vinte e dois anos e agora, relendo, que de fato estou entendo o livro. Então é nítido que em épocas diferentes também existiam um teor diferente no tocante “ a profundidade” da obra discutida ou lida. Entretanto voltemos a

Para Minha Amada Morta

Para Minha Amada Morta , dirigido e roteirizado por Aly Muritiba, Brasil, 2016. Como é interessante existir vários “Brasis” em um Brasil. O filme do diretor baiano de Mairi, radicado em Curitiba Aly Muritiba explica um pouco disso. Ou seja, dos vários “Brasis”. A primeira sensação do filme que tive foi de estranhamento, afinal porque tantos “ silêncios barulhentos” Por parte do protagonista? O filme se diluí em nossas íris e, portanto, pegamos o seu ritmo contemplativo, porém ao mesmo tempo cheio de ódio e mascaras por parte do seu personagem principal; afinal o cara acabara de perder sua amada em um acidente automobilístico e dias após descobre que seu chão, ou sua amada morta, o traía com um ex-detento que ela ajudou a tirar das grades como advogada da área criminalista. O filme se desenrola na saga deste corno em saber quem era o sujeito e o que ele tinha que ele não tinha. Deixa sua única filha com a irmã e se faz de pastor para ficar coladinho que o tal “Ricardão”. Quando mencion

Proibido Fumar

Proibido Fumar , da Anna Muylarte, com Paulo Miklos e Gloria Pires, Brasil, 2009. Nem adianta solicitar-me a escrever sobre filmes que estão arrasando nas bilheterias como Batman X Super-Homem. Não tenho saco nem para assisti-los e quem dirás escrever; chances zero. Posto isto venho através dessas letras resenhar um filme honesto da Anna. E não só honesto, mas que consegue uma coisa raríssima a película, que é entreter mostrando o cotidiano. É assim: Como protagonistas temos um músico e uma mulher que não faz nada. Ambos são vizinhos de lado de um prédio. O “cotidiano” citado é mesmo a rotina mostrada dessas personas bem normais. Ou seja: Mostra a batalha de um músico, interpretado pelo Titãs Paulo Miklos, e também a tentativa da sua vizinha, interpretada bem também pela Glória Pires, em parar de fumar. E o filme da Anna fica nisto, nesta relação de ambos e nas tais “metas”. O filme não cai no marasmo porque todo ser humano é complexo por natureza, seja ele quem for; se tiver braço, t

Ruim É Ter Que Trabalhar

Ruim É Ter Que Trabalhar , de Lincoln Péricles, Brasil, 2014. Assisti ao filme em setembro do ano passado e só quis escrever dele agora, mas por que isto aconteceu? Não é o que se imagina. Ou seja: De ter tido preguiça de escrever de lá pra cá ou pelo curta ser ruim, e então a vontade não tinha batido. Ledo e Ivo engano quem apostou suas fichas nessas respostas. A real é que o curta é tão gigantesco que somente hoje tive a mensuração do que o filme teve em minha vida de cinéfilo. Mas por que isto aconteceu? Porque o curta metragem fala do valor do trabalho, e mais: Me fez a pensar que trabalho é para ser valorizado e remunerado dignamente. Vejam só os artistas que você encontra no metrô e dá uma moeda quando o está tocando seu instrumento. No fim do dia ele consegue uns cinquenta reais para dormir ao relento, pois o se come ou se paga o pensionato; isto seria justo? Acho que não. Ruim É Ter Que Trabalhar nos faz refletirmos se nossos trabalhos estão nos remunerando como deveriam, e mai

Juventude

Juventude , de Paolo Sorrentino, Itália, 2106. Meu pai já me dizia: “ Italiano não entende nada de tevê, nisso eles são fracos”. Ele esqueceu de adicionar o atual cinema italiano. Não me refiro a Pasolini ou tampouco a Fellini, mas aos atuais. Aliás Fellini é uma tara desse diretor que iremos comentar agora. Sabe quando você dá aquele pulo maior que sua perna? Ele faz isso, e se estrepa não chão e leva consigo todos que embarcam consigo. O que quero dizer é que o diretor fica na ânsia de querer ser um Fellini, e não o consegue porque a cópia só é aproveitada até certo ponto, após azeda. Sorrentino quer configurar em sua obra uma ode à velhice; como o corpo físico se “entripufêca” diante do tempo. Mas fica somente nisto. Ou seja: Suas obras não conseguem transcender aquilo que está exposto em tela; coisa que Fellini fazia, pois após assistir suas obras, é possível imaginá-las em sua forma original e em suas diversas facetas as quais somente sua imaginação teria o poder de controlá-las.

Efeito Casemiro

Efeito Casemiro , de Clarice Saliby, Brasil, 2013. Acreditas que um disco voador entre e pouse em sua cidade? Também não, mas em 1980 em uma cidade interiorana carioca aconteceu isso, ou quase. Cid Moreira entra com a manchete bombástica no primeiro bloco abrindo o telejornal: " Um disco voador tem dia e hora para pousar aqui no Brasil". Cerca de dez mil pessoas de todo Brasil foram ver in loco a chegada dos extraterrestre; um domingo às cinco e sete da matina. Cid Moreira falava a plenos pulmões que a cidadezinha estava sendo apelidada de "A Woodstock brasileira", por chamar tantos hippies. Uma coisa aconteceu, de fato, no dia: Muitas criancinhas foram feitas naquela noite de sábado pra domingo em 1980. A noticia foi parar no Jornal Nacional pelo marketing de um suposto intermediador dos caras com a gente. Se chamava Casemiro, e cravava que tinha conversado com eles e o pouso estava confirmado. Desafiava quem quisesse fazer qualquer tipo de experiência com ele para

Não É Meu Tipo

Pas Son Genre , dirigido e roteirizado por Lucas Belvaux, França, 2014. A tradução para o português ficou algo como: “ Não é meu tipo “. ARCO NARRATIVO: Um professor de Filosofia se muda de Paris para Arras, interior provinciano francês a poucos minutos de trem da capital luz, para continuar lecionando, já que forçosamente fora transferido para aquela cidadezinha sem muitos atributos culturais a oferecer e ainda por cima tendo de aguentar o mau humor do povo interiorano em relação há quem vem de fora. As suas aulas são pouco aproveitáveis para os alunos, estes não dando a devida importância para a disciplina Filosofia. O professor, por sua vez, também estava se lixando se alguém queria saber a importância da sua disciplina, tornando assim quase como se fosse um funcionário público padrão que vê as horas e torce para que elas passem rápido e ele volte pra casa, bar ou onde quer que queira ir. Neste marasmo do cotidiano de um professor, que estava fadado a falta de motivações, surge ent

A Loucura Entre Nós

A Loucura Entre Nós , dirigido por Fernanda Fontes Vairelle, Brasil (Bahia), 2015. Todo soteropolitano que se preze já ouviu falar do Hospital Juliano Moreira; e todo artista certamente desta terra negra e miscigenada já deve ter ouvido, ao menos uma vez na sua vida, alguma frase do tipo: “ Rapaz, se você continuar agindo assim foi te levar para o Juliano Moreira, por isso se plante, viu? ”. O hospital Juliano Moreira era, e ainda é o centro público psiquiátrico do estado, e não só mais o importante e lendário de Salvador, mas do estado da Bahia como um todo, e ainda das suas redondezas como os estados de Sergipe e das Alagoas. O documentário adentra na vida destes internos e instala uma câmera 24 horas a fim de captar as reações daquelas pessoas doentes mentalmente desprovidas do mais importante para qualquer ser humano: A capacidade de entender o mundo a sua volta e conseguir conviver socialmente com ele, ou ao menos conseguir “bater uma bola” com a sociedade e esta os aceitarem como

Homeland: Iraq Year Zero / Terra Natal : Iraque Ano Zero

Homeland: Iraq Year Zero / Terra Natal : Iraque Ano Zero , dirigido e roteirizado por Abbas Fahdel, Iraque , França, 2015. O excelente documentário tem 334 minutos. Ou seja: É preciso bastante fôlego para assisti-lo. Porém trata-se de uma obra importantíssima para entendermos o que estamos passando hoje quando o assunto é o terrorismo, mas vamos por partes. Como a física nos ensinou que para cada ação existe uma reação de igual proporção ou força. Pois bem, primeiro dissecaremos o porquê os EUA terem invadido o Iraque com a desculpe esfarrapada de tirar do poder Saddam Hussein, que sabemos, não era nenhum santinho, mas sim um sanguinário sem precedentes naquele país, mas a pergunta ainda continua: Porque os EUA, comandado na época pela besta do Bush Filho, quis invadir o Iraque? Hoje sabemos que desculpe que eles deram era esfarrapada ( de que o Iraque estaria produzindo bombas químicas ). Quem produz isto em vasta escala é o Iran e a fechada Coreia do Norte; todo mundo sabe disso, ma

Eden

Eden , dirigido por Mia Hansen-Løve, França, 2015. A vida não fora feita para ter medos, não fora feita para os covardes. Se existe uma mensagem subliminar que o filme nos traz, a mensagem é esta: Não ter medo de ousar, não ter medo de experimentar, não ter medo de doar-se a vida como se fosse o último prato de comida que irás comer: Viva uma “Dolce Vitta” ou ao menos tenha coragem para correr atrás desta utopia de que tudo na vida são flores, e que tudo de ruim uma hora passa, pois o extrato natural da vida é a felicidade. Sim: Seja otimista mesmo correndo o risco de ser ridículo , porque para ser ridículo é necessário coragem; é preciso romper com o preestabelecido, é preciso de culhões para dizer que sim: Vim para este fucking plano terrestre para ser feliz antes de tudo e que se dane se sou evoluído espiritualmente ou não para isso. Quero é me dar bem aqui e agora, e o resto pago com juros e correções monetárias quando morrer, se é que estes juros seriam cobrados. Mas evoluir é ist

O Completo Estranho

O Completo Estranho , do Leonardo Mouramateus, 2014, Brasil. A obra fílmica nos permite indagar o destino; será estaria ele feito ou nós poderíamos contrariá-lo? Isto é o chamado livre arbítrio. O filme não quer nos instigar a pensarmos se existe ou não um Deus maior, e nem pede para que nos tornemos ateus mais lúcidos; O filme apenas nos confronta com nossos medos, nossas ansiedades ou até nossa falta de colhões para decidir por nós mesmos. Alguns podem perguntar: “ Mas se nós não decidirmos por nós mesmos, quem decidirá então? ”. Olha, o que não falta é gente querendo decidir pela gente, basta olharmos nosso cenário político brasileiro atual e perceberemos o quanto de facínoras estão empenhados a decidir por nós mesmos. O sensato seria colocar todo mundo na rua e fazer novas eleições para TODOS os cargos do legislativo. Utopias a parte, voltemos a obra fílmica do diretor cearense Leonardo, que mais uma vez nos brinda com uma obra a fim de nos fazer pensar e em consequência sair do l

Biquíni Paraíso

Biquíni Paraíso , de Samuel Brasileiro, Brasil, 2015. É verão e o sol penetra na cabeça das pessoas. Para os mais sensíveis a estação é uma derradeira roleta russa de emoções a todo momento, onde cada ação não necessariamente é pensada antes, aliás quase toda ação para esses seres de sensibilidade à flor da pele nunca é pensada, mas sim regurgitada através de uma necessidade visceral de existir e destruir o preestabelecido por não sei quem e quando. Com este viés anárquico-poético a obra fílmica começa com um take de pessoas se banhando na imensa costa nordestina brasileira em janeiro com o sol dando as caras mais do que nunca. O libido quando os dias são mais longos que as noites torna-se também mais “libidinoso”, e as pessoas, por sua vez tendem-se a se doarem para o coito sexual de forma mais natural do que em relação a outras estações do ano. A fricção dos corpos é nitroglicerina pura de modo que basta uma mínima faísca para que um pensamento se torne uma “via de fato consumado”, o

Tropikaos

Tropikaos , dirigido, co-montado e roteirizado por Daniel Lisboa, 2018, Brasil. Tem um ditado que diz que todo filme ou livro publicado é uma espécie de auto bibliografia. Acho que no primeiro, não tem muito como fugir desse clichê, pois lá está toda a ansiedade que o autor pensou há anos em fazer. Tropikaos é meio isto, uma espécie de regurgitação do Daniel Lisboa; um leque exposto das suas experiências vividas ou seus pensamentos. O protagonista, como não poderia ser diferente, é uma espécie de alter-ego do diretor soteropolitano. Trata-se de um poeta: O Guima, uma abreviação de Guilherme, mas Guima para o mundo artístico. O vosso poeta, vosso porque seu maior inspirador é Castro Alves, anda meio empacado com seu livro; não consegue continuar escrevendo pelo excessivo calor do verão de Salvador, o maior de todos os tempos. O livro é patrocinado pelo governo do estado e por isso a Secretária da Cultura pede pressa para que Guima acabe de escrever seu livro de poemas para o lançamento