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Mostrando postagens de agosto, 2013

Cine Holliúdy

Cine Holliúdy , Dirigido e roteirizado por Halder Gomes, Brasil, 2013. Antes de destacar algumas gafes da fita, tem-se de laurear a homenagem que este filme faz a sétima arte, e isso por si só já vale conferir. Ademais certas coisas ficaram realmente toscas, como as legendas, que teria como objetivo dar uma "explicação" para o linguajar cearense, porém as ditas frases típicas cearenses aparecem nas legendas como os atores falam, ou seja, não explica o que gíria quis dizer, dessa maneira temos uma legenda para um filme nacional totalmente desnecessária e malfeita, pois como estamos acostumados já a ler as ditas legendas e as lendo em um filme nacional perdemos certos gestos e cenas que não perderíamos se não as tivesse. Com isso a qualidade da fita se perde visivelmente em qualidade, mas vamos ao seu enredo. Trata-se de uma comédia, mas com cunho de revolta por parte da TV tomar o lugar do cinema. Contamos nos dedos as cidades dos interiores do Brasil que se tem cinema, e iss

Meu nome não é Johnny

Meu nome não é Johnny , Mauro Lima, Brasil, 2008. O filme é baseado numa estória verídica e sem trocadilho, o tal “baseado” se vê muito pouco, nesse longa a estória é outra: ela é branca e ágil como uma cascavel, ou seja, a cocaína. Selton Mello praticamente incorpora o personagem após inúmeras conversas de laboratório com o próprio. A filmografia é a seguinte: retrata a vida de mais um jovem de classe média que de usuário se torna traficante. Inicialmente a fita mostra o lado bom da coisa com festas, amigos e mulheres e a posterior retrata o lado ruim quando ele é pego com 6 kg da branca num apartamento em Copacabana. Disso vem à prisão junto com a piração, depois o hospício que seu advogado consegue o livrando da prisão e mais piração, porém agora pelo motivo da abstinência da droga. Hoje o cara é limpo, faz inúmeras palestras motivacionais, ainda é músico e produtor cultural e fez sucesso no ano de lançamento do filme com aparições no Faustão, Gugu e outros programas populares domi

Flores raras

Flores raras , dirigido por Bruno Barreto, Brasil, 2013. Chocante como a poesia tem o poder de transformar estórias medianas em estupendas. O filme conta o romance entre a poetisa. Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares, interpretada pela Glória Pires ( que em certas cenas vemos o Tony Ramos no lugar por ela fazer o “macho” do casal ). O bem feito drama-romance nos conta a estória desde a chegada da poetisa em solo brasileiro até a relação duradoura dessas duas mulheres que tinham temperamentos distintos. Enquanto a arquiteta era a pragmática e objetiva da estória, ajudando inclusive o governador da Guanabara da época ( Carlos Lacerda ) a fazer o que é hoje o parque do Flamengo, não deixando de fazer também uma menção a transição ou regressão no Brasil da democracia para o golpe militar na década de 1960. A outra parte, ou seja, a poetisa por sua vez era a parte fraca da relação, não querendo se apegar a nenhum compromisso profissional e enchend

Sem dor, sem ganho (Pain & Gain)

Sem dor sem ganho (Pain & Gain). Dirigido por Michael Bay EUA, 2013. Trata-se de um filme adrenalizante do inicio ao fim. A trama tem como foco central o mundo dos fisiculturistas e marombeiros, que de tudo fazem para transformarem seus corpos em verdadeiras esculturas. O roteiro é assinado pela dupla Christopher Markus e Stephen McFeely, dos filmes Crônicas de Nárnia e do ainda inédito Thor: O Mundo Sombrio (01/11/13), ainda assim o roteiro de Sem Dor, Sem Ganho reserva surpresas na medida em que vai misturando principalmente comédia com ação, e isso não necessariamente nessa ordem. A estória começa em 1995, mas faz um pequeno retorno para 94, quando o off do protagonista situa você dentro daquela realidade e de seus pensamentos: "Sou forte, sou gostoso, eu acredito em malhar... No país mais sarado e bombado, é preciso ter objetivo e se dar bem". O recurso do narrador retorna em outros momentos, mas nada que comprometa a obra ( pelo contrário: o roteiro é matematicamente

Pra lá do mundo

Pra lá do mundo , dirigido e roteirizado por Roberto Studart, Brasil, 2013. Foi uma bela surpresa este documentário no meio desse mês chuvoso de Salvador. Não por acaso quando estive por lá me senti tão mal recebido, e agora conferindo o documentário percebo o porquê e dou total razão a eles por terem me tratado como um capitalista sem escrúpulos ou simplesmente como um mero capitalista. O documentário tem a sensibilidade de traçar a trajetória da criação do Vale do Capão, localizado no meio do estado da Bahia, desde os seus primeiros anos até os atuais mostrando suas transformações como, por exemplo, a chegada da luz elétrica na vila ( visto que o Capão faz parte do município de Palmeiras e por isso e outros motivos tem a idéia de quem pisa por lá de ser uma “terra do Oz”, onde pode colocar-se contra o sistema capitalista por não ter governantes ). A fita aprofunda-se na questão do turismo na vila, com uns mostrando-se a favor por dar visibilidade turística e econômica aos nativos, e

Tese sobre um homicídio

Tese sobre um homicídio (Tesis sobre Homicídio ), de Hernán Goldfrid, Argentina, 2013. Quando vamos escolher um filme para assistir levemos em conta alguns detalhes, tais como: quem é o diretor, o elenco ou a nacionalidade do filme. Pois bem no caso desta película levei em consideração os dois últimos citados, ou seja: o elenco e a nacionalidade do filme. Dos cinco últimos anos pra cá tornei-me um fã assumido do cinema argentino por sua qualidade e de um ator em especial que fez os mais importantes recentes filmes portenhos que é o Ricardo Darín. Por estes argumentos fui conferir o meu primeiro filme visto de suspense policial argentino, e um dos poucos do gênero produzido neste solo, pois como mencionei sou um assíduo cinéfilo dos filmes deste país vizinho que sempre primou pela qualidade em suas películas. Mas da primeira decepção a gente sempre corre o risco e foi justamente isso que sucedera ao ver esse filme. Vejam bem: esta conclusão de que o filme não é bom foi e é puramente pe

Percy Jackson e o Mar de Monstros

Percy Jackson e o Mar de Monstros , dirigido pelo contestado Thor Freudenthal, EUA, 2013. O filme tinha a pretensão de ser um novo Harry Potter, porém não agradou a crítica, tampouco o público, podendo assim ser classificado como um tiro que saiu pela culatra pelo investimento e principalmente pela expectativa dos leitores da obra literária que foi adaptada para o cinema. O filme é uma continuação de outra fita lançada em 2010, intitulada como Percy Jackson e o Ladrão de Raios, todavia agora neste de 2013 a presença de Deuses é bem menor (com somente a presença do Deus dos mares Poseidon e seu filho, este que era metade humano e outra parte um Deus aquático sobrinho do seu tio Netuno), mas a dinâmica do seu trio principal (interpretados pelos jovens ainda não talentos consagrados :Logan Lerman, Brandon T. Jackson e Alexandra Daddario) continua bastante parecida, para não escrever idêntica em comparação ao primeiro filme da saga em 2010. Os três jovens destemidos recebem um desafio e c

Renoir

Renoir , dirigido e roteirizado por Gilles Bourdos, França, 2013. O cinema por vezes decepciona pela expectativa. Quando propus-me a ver tal fita de renomado artista impressionista, esperava uma cinebiografia do pintor e não apenas a estória no definhar dos seus últimos dias já sofrendo com artroses. E a decepção não para por aí: o filme, apesar de ter uma estupenda fotografia, é frígido em não mostrar o processo criativo de Renoir e tampouco mostrar suas obras, estas que foram “originalmente” feitas pelo principal pintor que fraudava as obras do astro francês e as vendia como se fosse dele. Tal ladrão fora especialmente contratado para fazer os quadros somente para o filme e estes por sua vez poucas vezes foram mostrados. O filme também nos dá uma ultima impressão de Renoir como um ser severo e até cruel para com seus filhos, principalmente o que voltara da guerra por convalescência e tivera um affair com a sua musa inspiradora, que era uma atriz das redondezas. É verdade que o filme

Círculo de fogo

Círculo de fogo , dirigido e roteirizado por Guillermo Del Toro, EUA, 2013. Quem estiver na faixa dos seus trinta anos certamente irá se identificar com o filme de ação do diretor Del Toro, pois este faz uma analogia do seu filme com os seriados japoneses que tanto sucesso fizeram nas décadas de 80 e 90 do século passado com os lendários Cheychaman e Chaspion onde monstros bestiais surgiam das profundezas marítimas em busca de brigas com robôs produzidos e guiados por seus criadores super-heróis japoneses. O filme, por incrível que pareça, pois o tema é besta assim como são suas bestiais brigas também, vem batendo recordes de bilheterias mundo afora ( exceto nos EUA ), e já se pensam em uma continuação da série. Um ponto a favor do filme ( talvez o único )é que não se trata de nenhuma adaptação ( fora as aparências com os seriados japoneses de ação como mencionei ) de nenhum desenho, quadrinho ou coisa do gênero, ou seja, a bestialidade da fita é por si só “besta” por ela mesma, sem a

Vendo ou Alugo

Vendo ou Alugo , de Betse de Paula, Brasil, 2013. Não levem a mal, mas a expressão popular: “O cú não tem nada a ver com as calças” serve para tentar explicar o sucesso desse filme no último festival de Pernambuco em 2012, com nada menos 12 prêmios incluindo melhor filme eleito pelo júri e pelo povo, melhor diretora, atriz, melhor roteiro, entre outros. Porque o ânus não tem nada a ver com as calças? Porque antes de tudo é uma história feita para a cidade do Rio de Janeiro com os seus dramas de vulgas favelas pacificadas. Então pergunto eu: Porque o estado de Pernambuco com uma das melhores escolas de cinema atuais do Brasil compra esse filme no mínimo razoável como o melhor do seu principal festival? Uma resposta plausível seria que o filme teria como abertura um “back tranck” sendo aceso pela coroa enxuta da Marieta Severo. Esta citada e mais três gerações de mulheres da sua família tem há três anos uma placa em frente a sua casa, que fica vizinha a uma favela que diz pacificada, com

Indomável sonhadora

Indomável sonhadora . Dirigido por Benh Zeitlin, EUA, 2013. Existem filmes que por sua carga “humana-demasiadamente-humana” ou se preferirem: miserável-demasiadamente miserável pelo motivo da pobreza de uns vivendo de forma total e descabidamente desumana até para cachorros, é que fica difícil ver o filme e escrevê-lo no mesmo dia. Para este filme concorrente aos melhores desse ano no Oscar, que fora a surpresa das indicações, diga-se de passagem, justamente por abordar um tema que geralmente Hollywood faz biquinho, que é a falta de generosidade entre os seres humanos. Pois bem, todavia para filme de “gabarito” desconfortante como esse por tratar de forma tão visceral a degradação humana é necessário um tempo de maturamento para que então compreendamos um pouco melhor sem o calor da fita vista ou das hipotéticas formulações filosóficas que podem ser feitas e refeitas para melhor compreensão do filme. Tenho um forte indício e conseqüentemente um pensamento ou uma indagação que o fez a f

A espuma dos dias

A espuma dos dias , dirigido por Michel Gondry, França, 2013. O filme é baseado da clássica obra literária francesa homônima escrita por Boris Vian que vivia em Paris num ambiente repleto de referências ao jazz e ao existencialismo dos anos 1950. Não por acaso que os artistas plásticos gostam tanto do diretor, pois ele mistura sem moderação abstração com realidade sem nenhum constrangimento e com qualidade, diga-se de passagem. Se alguém já viu o filme Delicatessen ( francês também ) e gostou, provavelmente gostará desse também, por mexer no nosso imaginário de uma forma tão genial e instigante, nos tirando do “luxo comum” de não pensarmos e sim somente comer o maior saco de pipoca junto com o maior copo de refrigerante que tiver sendo vendido e se empanturrar sem se preocupar com o conteúdo filme, como na maioria das vezes acontece com a maioria das pessoas. A fita brinca com competência e responsabilidade por fazer um filme de qualidade com uma relação encaixada do mundo imaginári